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Solange Almeida diz que ‘empoderamento’ motivou saída do Aviões: ‘Era vista por roupa e cabelo’

Cantora fala ao G1 sobre adeus ao grupo: 'Zona de conforto me incomodou'. Em fase solo, ela vai bem além do forró e quer ser mais reconhecida como artista.

Por Priscila Belmont

12/07/2017 às 09h22

(Foto: Divulgação)

Numa analogia com o rock para os não iniciados, a saída de Solange Almeida do Aviões do Forró, em março deste ano, foi como se Meg White deixasse os White Stripes um pouquinho depois do auge, no início dos anos 2000. Sol não toca bateria e passa bem longe da timidez de Meg, mas também se tornou musa da renovação de um gênero, ao liderar ao lado de Xand uma das mais populares bandas de forró do país.

O baque para os fãs representou também uma espécie de libertação para a cantora, que segue em carreira solo e acaba de lançar o DVD “Sentimento de mulher”. Ao G1, ela conta que lhe “incomodava muito” o seu nome ser quase sempre relacionado a “decote, roupa ou grife, raramente música”. Sol explica – em terceira pessoa:

“A Solange, antes, era muito vista pela roupa que usava, o cabelo ou a maquiagem. Quero que as pessoas enxerguem a Solange cantora, musicista, intérprete, compositora.”

O “empoderamento feminino” também a motivou a deixar o grupo, ela diz, se referindo ao bom momento das mulheres na música, principalmente no sertanejo. “Tinha uma cobrança muito grande das cantoras do Nordeste, principalmente do forró, que diziam: ‘Você precisa voar sozinha para puxar as outras’. E eu tinha um certo receio disso. Hoje sou muito elogiada pela decisão de recomeçar. E recomeçaria tudo de novo.”

“Temos grandes cantoras no Nordeste que não têm visibilidade, muitas vezes por falta de oportunidade. Espero poder ajudar nisso.”

Sertanejo, funk, MPB (e até forró)

A cantora jura que não brigou com outros integrantes do Aviões antes ou depois do adeus. “Claro que houve alguns desgastes por causa de coisas que saiam na imprensa”, ela conta. Mas, com Xand, seu parceiro de quase 15 anos, nunca viveu “tão bem quanto nos últimos meses” – ele é um dos convidados de seu DVD.
Sem a banda, Solange diz ter tomado as rédeas da própria carreira. “Escolho como quero cantar, onde e como o arranjo vai ser feito. Sou dona de mim”. Ela completa:

“[No Aviões] as coisas eram mais impostas, mas isso é uma coisa que eu deixei acontecer. A zona de conforto estava me incomodando, tinha tudo nas mãos.”

E uma das primeiras decisões solitárias que tomou foi ir (bem) além do forró. “Sentimento de mulher” vai do sertanejo à MPB, com participações de Ivete Sangalo, Joelma, Anitta, padre Fábio de Mello, Claudia Leitte, Eduardo Lages, Gusttavo Lima e Tiago Iorc – com quem a cantora faz uma versão sanfonada do hit “Amei te ver”.
“Quis mostrar o inusitado, ninguém nunca imaginou o Tiago Iorc cantando com uma cantora de forró. As pessoas hoje querem ir para um show e ouvir tudo que é sucesso numa rádio. Quero dar uma cara nova aos meus shows.”

E, para os fãs saudosos do Aviões, que teimam em fazer comparações, Solange dá o recado: “Quem compara não é fã, não torce pelo artista. Fã de verdade torce pelo artista onde quer que ele vá. Quero que as pessoas olhem para mim no presente, não posso viver no passado.”

G1

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