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Quando os filhos voltam a morar com os pais

Tente estabelecer um prazo para que esse arranjo não perca seu caráter provisório e não sucumba à tentação de virar babá em tempo integral

Por Mariza Tavares, G1 Rio de Janeiro

12/08/2018 às 15h08 • atualizado em 12/08/2018 às 15h12

Quando filhos adultos voltam a morar com os pais: visões de mundo que podem ser conflitantes (Foto: Rodrigo Kuwano: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3169803)

Já escrevi sobre o delicado momento em que nos deparamos com a necessidade de acolher pai, mãe, ou ambos, em casa, uma decisão que deve ser acompanhada de muito planejamento. No entanto, o inverso está se tornando relativamente comum, como resultado da crise econômico-financeira do país e da falta de perspectivas para adultos jovens (ou nem tanto) que constituíram família e se veem, de uma hora para a outra, sem emprego e com filhos pequenos ou adolescentes. Esse blog se aventurou inclusive num manual de etiqueta para lidar com filhos crescidos, mas a coisa muda de figura e ganha outra escala quando estão todos debaixo do mesmo teto.

Para começar, há a questão sensível da dependência econômica: seu filho ou filha teve que andar algumas casas para trás para tentar se aprumar de novo. A relação entre vocês também mudou, porque estamos falando de adultos com visões de mundo que podem ser até conflitantes. Mais: prepare-se para conviver de perto com a forma como seus netos estão sendo criados – e você pode não concordar com boa parte das ideias que são postas em prática. Por isso, não perca de vista um mantra: evite discussões. Respire fundo, conte até dez ou cem, e espere um momento mais tranquilo para expor seus pontos de vista.

Mesmo que pareça um pouco duro, tente estabelecer um prazo para esse arranjo, de forma que ele não perca o caráter provisório. Pode ser o tempo para arranjar outro emprego, pagar dívidas, conseguir um lugar menor para morar, enfim, ter um objetivo vai ajudar a alimentar o foco e recuperar a autoestima. Se a situação não for totalmente precária por parte dos novos moradores, eles devem contribuir em alguma medida com as despesas da casa: pagando as contas de luz e gás, por exemplo.

É fundamental zelar pela manutenção de um mínimo de privacidade. Seu quarto deve ser um território ao qual só se tem acesso mediante convite. Do contrário, corre-se o risco de encontrar os netos esparramados na cama vendo TV ou jogando videogame. A responsabilidade pela arrumação e limpeza tem que ser compartilhada, para ninguém achar que está num hotel e pode deixar pratos sujos empilhados na pia ou roupas no chão.

A convivência com os netos pode ser uma enorme fonte de prazer. Leia com os menores, ensine aos maiores jogos divertidos que já não estão na moda e abra um canal de comunicação com os adolescentes para eles expressarem seus medos e ansiedades. No entanto, estabeleça limites para não se transformar em babá em tempo integral, ainda mais se tiver limitações de saúde. Importante deixar claro que não é sua obrigação buscar as crianças na escola, ou supervisionar os deveres de casa. E em hipótese alguma sucumba à tentação de tentar ser pai ou mãe de seus netos, o que inclui evitar comentários ou querer derrubar as regras que estão em vigor.

Fonte: Mariza Tavares, G1 Rio de Janeiro - https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2018/08/12/quando-os-filhos-voltam-a-morar-com-os-pais.ghtml

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