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Francisco Cartaxo

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Um cajazeirense na prefeitura do Recife

07/01/2013 às 18h21

Nasceu em Cajazeiras, mas foi criado em Campina Grande e adotou o Recife como sua cidade. A raiz, porém, está lá na terra distante, onde abriu os olhos. Falo de João Braga, filho de José Epaminondas Braga que migrou para a Rainha da Borborema quando sentiu ser pequeno o comércio sertanejo para abrigar seu objetivo empresarial de crescer sempre.

O filho tomou outro rumo. No Recife, João Braga enveredou pelos caminhos da política, inserindo-se fortemente na classe média, através de uma entidade (Causa Comum) que se afirmou como defensora de segmentos sociais ligados aos direitos dos usuários do Sistema Nacional da Habitação, na época, a porta de entrada para alimentar o sonho da casa própria. A atuação séria à frente da Causa Comum e a militância partidária credenciaram Braga a ocupar cargos eletivos (vereador do Recife, deputado estadual) e, também, de secretário da prefeitura do Recife, na segunda gestão de Jarbas Vasconcelos. Nesse posto, desenvolveu reconhecida atuação, consolidando-se como o administrador ousado ao enfrentar enormes desafios, tais como o problema dos camelôs nas ruas centrais da capital e a eterna carência de obras de infraestrutura. Nessa missão João Braga firmou-se como “tocador de obras”, tal o empenho com que cuidou da cidade. Buscou então um voo mais alto: ser prefeito do Recife. Na verdade, sonho acalentado desde sempre. Quando se sentiu preparado, os tempos eram outros.

Jarbas havia mudado de campo político, afastando-se de Miguel Arraes para formar a “União por Pernambuco”, uma aliança com ferrenhos adversários do antigo PFL. Em nome disso, Jarbas lançou o ex-governador Roberto Magalhães (1996) para sucedê-lo na prefeitura do Recife. Dois anos após, Jarbas foi eleito governador, impondo a Arraes terrível derrota. Em 2000, Roberto Magalhães deixa de vencer no primeiro turno por menos de meio ponto percentual. Para isso, concorreu João Braga, como candidato sob a legenda do PSDB. O beneficiário indireto de seus votos foi o então deputado estadual do PT, João Paulo, que findou por conquistar, já no segundo turno, surpreendente vitória eleitoral. Assim, evaporou-se o sonho do cajazeirense João Braga de ser prefeito do Recife, cidade que ele diz conhecer “como a palma da mão.”  

Braga continuou a desenvolver atividades político-partidárias, exerceu o mandato de deputado estadual, até 2006, quando não conseguiu reeleger-se. Hoje, aos 64 anos, filiado ao Partido Verde, dedica-se à iniciativa privada e não pensa em concorrer a cargo eletivo. Com ênfase ele diz que “Desde que perdi a eleição, em 2006, sai do circuito. Estou curtindo outra fase da vida.” Estava. A partir desta semana, ocupa a Secretaria de Mobilidade Urbana, a convite do novo prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), para cuidar do trânsito numa cidade à beira do caos. Braga afirma saber “decorado” o que vai fazer. “Posso antecipar que atacarei o transporte público e restringirei o individual. Vou construir ciclovias onde for possível, tirar todos os camelôs das ruas.”

Boa sorte, amigo. Disposição para trabalhar, você tem. E a torcida de milhões de cidadãos que sofrem as agruras do infernal trânsito do Recife. Boa sorte, Braga, você vai precisar, também, de muita reza.   

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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