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Francisco Cartaxo

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Preguilesma no Aeroporto

03/03/2013 às 12h55

Quando estive em Cajazeiras, semana passada, dei um pulo no inconcluso aeroporto Professor Pedro Moreira e, surpreso, descobri um estranho animal arrastando-se ao pé da cerca de arame. De mansinho, me aproximei e com muito esforço pude identificá-lo: um preguilesma. Não se trata daquele “monstruoso inseto de ventre abaulado cheio de pernas” que espantou o metamorfoseado Gregor Samsa, o incrível personagem de Franz Kafka. Nada disso. Preguilesma é bicho mesmo daqui, vive no aeroporto regional de Cajazeiras, seu lugar preferido.

Preguilesma é um mistura de preguiça e lesma. Um monstro. Um monstro que reúne a lentidão do mamífero à incapacidade de andar sem deixar o rastro do molusco asqueroso. Dois anos da tartaruga voadora, criada no governo Maranhão, somados aos 26 meses da gestão Ricardo Coutinho fizeram nascer o preguilesma. Culpa do DER? Não. O DER, que apenas supervisiona aquele empreendimento, é ágil, muito ágil até, na construção de estradas, haja vista a execução do ousado programa rodoviário. O superintendente Carlos Pereira se esforça para entregar 400 km de pavimentação até o final de 2014. E ainda quebra tabus antigos, como pavimentar o trecho São José de Piranhas-Carrapateira, nos aproximando da histórica Santa Fé. O esforço não é em vão. A mídia noticia, com monótona frequência, a adesão de prefeitos ao projeto de reeleição do governador. E não adianta negar a tática, aliás, mais inteligente e eficaz do que promessas ao vento, tão ao gosto de lideranças políticas carcomidas.

Se é assim com estradas, por que o preguilesma mora no aeroporto?

Porque o governo é míope. Ora, se essa miopia fosse problema para oftalmologista, era fácil resolver: doutor Sabino Filho dava um jeito na hora… Infelizmente, a doença é muito mais grave. Basta lembrar palavras de um irrequieto rapaz, arvorado em porta-voz de Ricardo, ao enquadrar o aeroporto como obra para gente rica. Coitado, não enxerga sequer os votos das centenas famílias do sertão da Paraíba que usam o aeroporto de Juazeiro, para vir do Sudeste, de Brasília todos os anos… Lembro também o deslize de outro correligionário de Ricardo, prestativo, trabalhador, inteligente, mas que embarcou em onda burra, deixando escapar não ser o aeroporto prioridade para o governo do PSB! Que é isso, companheiro?

Eu disse aos colegas do MAC que erramos ao encaminhar, via DER, os problemas do aeroporto, ao invés de fazê-lo junto à Secretaria de Turismo e Desenvolvimento. Quem deve conduzir as ações dirigidas para desenvolver o estado é o secretário Renato Feliciano. Pelo menos ele tem obrigação funcional e política de tratar dessa questão. Não o fez até agora. Nem mesmo tentou incluir Cajazeiras no programa do governo Dilma de estímulo à interiorização de linhas aéreas regionais. Portanto, o MAC errou. O erro maior, todavia, é do governo estadual, ao dar tratamento secundário a um importante equipamento destinado a impulsionar o desenvolvimento do sertão paraibano. Não apenas de Cajazeiras, como enxerga Efraim Filho.

Disseram-me que o secretário Feliciano esteve em Cajazeiras, porém, não se ouviu dele uma palavra acerca do aeroporto! Os companheiros da imprensa, por sua vez, nada lhe perguntaram sobre o tema, talvez, inibidos pelos gritos do trêfego porta-voz de Ricardo na região do Rio do Peixe, para quem o aeroporto é coisa de rico… Enquanto isso, o preguilesma cochila junto à cerca do aeroporto, deitado na babugem nascida com as chuvas de fevereiro…

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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