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Nadja Claudino

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O mundo na sola de um sapato

15/12/2008 às 19h55

Apesar do período messiânico que sua população atravessa com a eleição do Obama, nunca senti os Estados Unidos tão frágeis como ultimamente venho sentindo. Nunca vi os estados tão desunidos. Nunca vi a águia voando tão baixo, vexatoriamente baixo, eu diria. Nem nos dois ou três primeiros anos pós o 11 de Setembro, nem em 1929 que não presenciei.

Como se já não bastasse a crise econômica, que só parece não estar acontecendo graças a falsa impressão que as ruas lotadas de Nova Iorque causam neste fim de ano, lhes vai mais essa, com a notícia de que um dos seus magnatas bancários de maior confiança foi descoberto fraudando Wall Street. Pela minha ignorância quanto a assuntos de bolsa, não vou me ater a tentar explicar o que houve, mas sei que lá já se fala na maior fraude da história daquela casa.

Já na sua última visita ao Iraque antes de se despedir da Casa Branca, Bush, por sua vez, quase levou uma… ou melhor, duas sapatadas na cara.

O cowboy resolveu realizar uma entrevista coletiva, quando a certa altura um repórter iraquiano, num misto de indignação e felicidade, arremessou seu par de sapatos – pareciam Mocassins marrons bem engraxados, diga-se de passagem – no presidente. Rapidamente o ‘repórter terrorista’ foi dominado pelos seguranças americanos, que já não parecem tão intransponíveis assim com seus óculos escuros, enquanto entoava gritos de “esse é seu último beijo da morte, seu verme”.

Bush? Bem… Bush continuou com seu característico sorriso de beira de boca escondido atrás do púlpito. Se bem o conheço, a essa hora deve estar no seu quarto, pras bandas do Texas, acariciando a cara e percebendo que ela continua intocável, e agradecendo a Deus pelos tempos de hoje em dia serem outros: se fosse Martin Luther King, teria levado um tiro de rifle.

Contudo, no ato do repórter deve-se levar em conta alguns detalhes: nunca um par de sapatos pesou tanto. Nunca um par de sapatos uniu israelenses e palestinos apontando para o mesmo alvo. Nunca um só par de sapatos fora arremessado por milhões de mãos ao mesmo tempo. Nunca um só par de sapatos representou tanto a liberdade quanto bandeiras, discursos, rock’n roll e invasões militares.

Jocivan Pinheiro também escreve no blog www.blogueriot.blogspot.com

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Contato: [email protected]

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