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Francisco Cartaxo

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Lava Jato e Operação Andaime

19/07/2015 às 21h06

A Operação Lava Jato é igual à Operação Andaime, certo? Não, errado. É parecida. A grandeza de uma contrasta com a pequenez da outra. Uma revela malfeitorias de atores proeminentes na sociedade brasileira, responsáveis por desorganizar a economia, bagunçar a gestão pública e privada, e ainda podem ameaçar a República ao infiltrar-se nos três poderes fundamentais: executivo, legislativo e judiciário. A Lava Jato teve início quando focava simples esquema de lavagem de dinheiro num lava-jato. Ali, os federais puxaram a ponta de um fio. E que fio! O novelo estava escondido na Petrobras, com bilhões de reais manipulados por diretores e gerentes da estatal, em conluio com partidos políticos, tesoureiros de campanha eleitorais e um magote de políticos, enfim, assaltantes dos recursos da maior empresa do ramo de petróleo e gás. Empresa nascida da luta do povo brasileiro, na qual muitos foram encarcerados, torturados, mortos, apontados então como traidores da Pátria! A história os redimiu e os fez heróis anônimos. 

Os ladrões de hoje, serão o quê?

Ainda não sei. Agora eles só nos envergonham. Passados 60 anos, um governo tão próximo dos excluídos, que os trouxe de forma efetiva ao seio da sociedade como consumidores e cidadãos, através de programas sociais, esse mesmo governo, junto com o PT e seus aliados, nos conduz a essa tragédia moral, política e da gestão pública. Que horror! A Operação Lava Jato remexe em casa de marimbondos. Dali só tem saído sujeira, a derramar-se na televisão, no rádio, em jornais e revistas e na internet. Um gigantesco esquema de corrupção que já levou à prisão provisória muita gente importante, inclusive empreiteiros, numa intervenção articulada da Justiça, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal capaz de mudar os rumos da política brasileira. 

Mudar como, de que jeito?

Uma maneira seria o tão sonhado “passar o Brasil a limpo”. De verdade. Meter a faca nas vísceras podres da República, escancarar-lhes os vícios estruturais incrustados na gestão pública, no promíscuo entrelaçar do público e do privado, escoimar práticas nocivas que infestam eleições, partidos e entidades dos movimentos sociais. Passar o Brasil a limpo é processar, julgar, punir e prender culpados. Sem sair, todavia, dos canais democráticos, respeitando-se as instituições, a autonomia e independência dos poderes da República. Um sonho, eu sei. Mas o Brasil precisa inventar sua utopia. 

E se nada disso acontecer?

Poderá haver uma convulsão social. Alguns acham que sim. Entre eles, há gente atenta aos acontecimentos atuais e com o olhar em situações históricas do País e de outros lugares. Uma rebelião das massas sem objetivo claro, instigada pela cruel realidade econômica de hoje, marcada pela inflação, pelo desemprego e, sobretudo, diante da falta de perspectiva para milhões de jovens que chegam ao mercado de trabalho exibindo qualificação, conquistada em cursos de graduação e de nível médio profissionalizante. Aí está o caldo de cultura onde vicejam as razões que talvez leve as grandes massas às ruas e praças das cidades brasileiras.    

E a Operação Andaime?

Fica para depois. Quando chegar à esfera judicial, concluída a fase da investigação policial, da análise dos dados obtidos na apreensão de arquivos virtuais e impressos, e interpretadas as conversas gravadas entre os suspeitos de delinquência. Até lá, a gente se contenta com um ou outro release da ASCOM da PRPB. Com impaciência, é claro.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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