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Padre Djacy

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Comendo o pão que o diabo amassou

12/05/2017 às 16h21 • atualizado em 12/05/2017 às 16h46

Padre Djacy Brasileiro

Padre politiqueiro, comunista, apoiador de corruptos, que não cuida da igreja ( igreja tijolo), das coisas de Deus ( quais são as coisa de Deus?) não prega o Evangelho como convém, não fala sobre Nossa Senhora, dos anjos, dos santos, nem reza, só se preocupa em falar de porcaria de politica, de terra, água, emprego, fome, miséria, injustiças sociais, exclusão , marginalização social etc. E assim, vai o rosário das línguas afiadas e cortantes dos alienados, reacionários, dos apegados à lei( a exemplo dos escribas e fariseus), sem falar , é claro, dos piores adjetivos ou difamações que se possa imaginar.

Infelizmente, o nosso povo brasileiro ainda é possuidor de uma cultura de fé cristã totalmente alienante, desencarnada, descompromissada, intimista. Pois, para o mesmo, a fé é coisa de Deus, enquanto politica, mesmo com P maiúsculo, é coisa do diabo. Fé e Politica, na sua concepção, não se misturam, a Igreja não deve se envolver com essa coisa demoníaca. Não é por acaso, que ouço dizer: Padre é só para rezar, celebrar missa e administrar os sacramentos, e pronto. Também diz que padre só é padre de verdade quando fala sobre Jesus coroado, sentado num trono ornado de ouro; de Nossa Senhora, também com coroa de ouro; dos santos que vivem no céu, também coroados e sentados em tronos esplêndidos, sem esquecer dos anjos; quando faz caridade-assistencialismo-e não se mete em Política; quando vive só de devoção e passar a maior parte do tempo na igreja tijolo, olhando para a imagem dos santos.

É imprescindível deixar bem claro que a fé deve ser historicizada, encarnada, envolvente, ou seja, envolvida na vida e na história circunstancial do homem quer no âmbito social, politico, econômico, cultural, do contrário, a mesma poderá se tornar estéril, inócua ou seja, sem efeito prático. Não é por acaso que São Tiago fala de maneira tão contundente: “fé sem obra, ela é morta”(Tg 2,26). Portanto, a evangelização não pode ser alienante, presa exclusivamente ao transcendental, sem levar em conta a dimensão horizontal da fé, e não tão pouco a um espiritualismo exacerbado, intimista. Aliás, Jesus falara: “nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!, será salvo” (Mt 7,21).

A missão da Igreja é, de fato, evangelizar. Porém, evangelizar a partir do contexto da vida do povo de Deus, sem perder de vista seus reais e preocupantes problemas. Afinal, a própria evangelização consiste no anúncio do Reino de Deus, que é vida digna, justiça social, partilha do pão, igualdade, paz, amor, felicidade etc, tendo sua plenitude na escatologia. Com ela, vem, ao mesmo tempo, a dimensão da denuncia profética.

A Igreja, na sua missão profética, tem que denunciar com coragem e determinação evangélica o pecado social, as estruturas econômicas e políticas que agridem a dignidade dos filhos e filhas de Deus: o capitalismo selvagem, desumano, as injustiças, a exclusão social, a violência institucionalizada, a criminalização dos movimentos sociais, o desemprego, a guerra, a morte matada, a corrupção nas esferas públicas e privadas, o autoritarismo politico, o desmando politico-administrativo etc. Eis, portanto, em que consiste a o papel da Igreja através dos seus Bispos, Padres, Religiosos e leigos: anunciar e denunciar. É a partir desse âmbito evangelizador, que cabe ao Padre libertar seus fiéis da ignorância politica e religiosa. Para isso, peço a Deus que me conceda a graça de viver essa duas dimensões constitutivas da evangelização libertadora.

Afirmo com muita convicção e sem medo de errar, que o líder religioso, seja católico, evangélico, que não faz uma evangelização historicizada, contextualizada, comprometida com a libertação integral do homem; que não se preocupa com os pobres, os excluídos, os deserdados da vida, os desempregados, os sem terra, os oprimidos, ou ele é alienado, reacionário, ou, conscientemente, um paparicador ou bajulador dos ricos, dos detentores do poder, dos poderosos, da elite e, por conta disso, contribui para a expansão desmedida do anti-reino e a manutenção do status quo dos grandes e detentores do poder politico e econômico. Nesse caso, esse dito líder inerte e acomodado, medroso e de boa vida, está na contramão do evangelho, da Igreja, impedindo que o Reino de Deus aconteça no aqui e no agora na vida dos desvalidos, dos sem vez e voz.

É interessante observar que esses líderes da religião cristã, rotulados de “anjos”, “santos”, reverendíssimos, nobres, excelentes, onde quer que estejam, são aplaudidos, bajulados, admirados, ganham título disso daquilo , presentes e são convidados de honra para os jantares luxuosos, além de suas mãos serem beijadas , senão babadas, pelas bocas embatonzadas das madames bem vestidas e perfumadas, com seus pescoços enrolados em joias caríssimas.

Aí está a diferença, os “santinhos”, cujos olhos estão voltados para o céu, para “as coisas do céu”, são bajulados e admirados, enquanto os padres e pastores revolucionários da fé, comprometidos com as causas sociais, humanitárias, que visam a libertação da escravidão de tantos seres humanos, das injustiças sociais, da miséria, da ignorância politica, são taxados de politiqueiros, safados, comunistas, subversivos, fora da lei, destruidores da “Doutrina da Santa Madre Igreja” e da “religião fundada por Jesus, Nosso Senhor”. É assim que vou comendo o “pão que o diabo amassou”, sem falar na rejeição e antipatia por parte de alguns colegas de caminhada ministerial. Aliás, como sou tão rejeitado! Tenho vivido momento de amargura, de angústia.

Afirmo, peremptoriamente, que não sou de fica em cima do muro. Assumo abertamente, sem medo e covardia, minhas convicções cristãs e politicas. Não é por acaso que o meu lema é: na fé, no amor e na luta. Avante!

Encoraja-me, anima-me, fortalece-me, as palavras de Jesus, o profeta dos pobres e oprimidos: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino do céu (Mt 5,10). E também, Se me perseguiram, também vos perseguirão”( Jo 15,20).

Padre Djacy

Padre Djacy

Pároco da paróquia Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, da cidade de Pedra Branca, no Vale do Piancó, Diocese de Cajazeiras, Paraíba.

Contato: [email protected]

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